Sentar no chão de cimento,
recentemente feito.
Cobrir meu corpo com o pó que dele sai.
E quem se importa?
É noite.
E os grilos cantam pra mim.
Frio o bastante para usar meu casaco.
Calor o bastante para estar de shorts.
e sem meia.
A minha frente,
uma árvore,
que não saberia dizer sua espécie.
Mas que foi milimetricamente colocada em minha frente.
Numa geometria que nenhuma foto
nunca conseguiu capturar.
Seu verde não é mais vivo.
Reflexo do outono
que nos abraçou à pouco.
Os fios que saem dos postes tentam cortar minha visão.
Mas eu olho para cima
mais além.
O azul do céu é mais escuro que o de minha caneta.
Mas não é preto, tenho certeza.
Que paisagem.
Os pontos brilhantes vão e vem.
A se eu pudesse colecionar estrelas...
Apesar que não sei se teria coragem que guarda-las só pra mim.
Seria egoísmo meu, não acha?
Quase caio pra trás tentando observá-las.
Estou hipnotizada.
Ou melhor,
estaria, não fosse o carro que tocava funk quebrando o canto que o silencio fazia pra mim.
A música?
Preferi não prestar atenção.
Hoje a lua se esconde de mim.
Mas seu brilho emana por trás das copas.
Lua crescente, se não me engano.
E eu aqui amontoada
por entre peças das obras.
Meu travesseiro?
uma peça de madeira.
E quem se importa?
É noite.
E tenho que me sentir lisonjeada de ter essa paisagem como inspiração.
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